Como a decisão da Superintendência de Outorgas e Recursos à Prestação da Anatel não será validada pelo Conselho Diretor, a decisão final sobre as regras de uso do Wi-Fi 6E Outdoor devem entrar em vigor até o final de julho, após a realização de uma consulta pública de 45 dias, contou Sidney Nince, assessor da superintendência, ao participar do Wi-Fi Now 2023, que acontece nesta semana, no Rio de Janeiro.
Há questões sendo avaliadas a partir da tomada de subsídios feita pela agência, entre elas, os sistemas AFCs, voltados para o gerenciamento do espectro. "Acho que não precisamos de tantos no Brasil (Nos EUA são 13) e temos que ficar muito atentos ao roaming, que é uma exigência que a Anatel não abre mão. Não podemos ter AFCs que não se falem", observou o superintendente de Outorgas e Recursos à Prestação da Anatel, Vinícius Karam.
A Anatel bateu o martelo e está destinando os 1200 Mhz da faixa de 6GHz para o Wi-Fi, mas é necessário entender as possíveis interferências, especialmente, pelos links de TV ou de satélite. É nesta parte que surge o sistema AFC, que nada mais é do que um sistema de banco de dados padronizado para o Wi-Fi 6E e que fornece informações se há ou não interferência no sinal.
Nos Estados Unidos, a FCC selecionou 13 operadores para o sistema AFC, que vão passar por testes para depois entrar em operação. Boa parte é de fabricantes como Broadcom e Qualcomm, mas também há do Google e da própria Wi-Fi Alliance, que também está fornecendo um sistema para o Canadá e está pronto, se houver demanda no Brasil, para ter o sistema dedicado no Brasil. "Se o mercado brasileiro apresentar demanda e quiser, podemos ser um AFC", disse ao Convergência Digital, Kevin Robison, CEO da Wi-Fi Alliance.
Uma entidade setorial já revelou o interesse em ser um AFC: a Abrint, que quer atuar na área para fomentar o mercado de Internet. "Precisamos que a Anatel decida o quanto antes a sua posição com relação ao Wi-Fi 6E outdoor. É por ele que vamos usar a faixa, como aconteceu com a 2,4GHz. As aplicações vão surgir. E os equipamentos vão cair de preço com a demanda. Mas temos de ter direito ao uso da faixa o quanto antes", cobrou o presidente da Abrint, Basílio Perez.
O analista da Maravedis, Adlan Fellah, diz não entender a disputa entre o Wi-Fi 6E outdoor e o 5G. "Eles são complementares. Não há por que ter essa disputa por espaço", diz. No caso do Wi-Fi, o grande ponto a ser resolvido é a autenticação de redes. "O usuário quer uma ação mais transparente e amigável como acontece no 5G. Os acordos de roaming são absolutamente necessários", completou.
![]() |
... | Versão para impressão: ![]() | |