Anatel amplia exigência de certificação IPv.6 nos equipamentos

20 de março de 2015

por Por Luis Osvaldo Grossmann*

Ao pressionar as operadoras a prepararem suas redes para o novo sistema de endereçamento da Internet – a versão 6 do protocolo IP, ou IPv6 – a Anatel já projeta que em no máximo dois anos, o novo sistema já estará disponível para praticamente todos os usuários no Brasil. Nos grandes centros, isso já vale para meados desde 2015. A migração total deve levar cinco anos.Pelo calendário acertado com a agência reguladora, as operadoras já ofertam conectividade IPv6 para clientes corporativos, como provedores de acesso e aplicações. A partir de julho, os usuários novos, mesmo no varejo, também usarão automaticamente o novo sistema de endereçamento na Internet. Segundo a agência, em dois anos o IPv6 estará generalizado no país.A pressão da Anatel veio da pouca mobilização espontânea, mesmo diante da escassez de endereços IPv4. “As redes reclamavam da falta de conteúdo. Os produtores de conteúdo diziam que as redes não estavam prontas. O que fizemos foi discutir prazos, quando as redes estariam prontas para o tratamento do IPv6, tanto para usuários corporativos como usuários finais”, diz o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Bicalho.A preocupação com a oferta de conteúdos em IPv6, porém, persiste. “Os principais players de conteúdo no Brasil já trabalham com IPv6, mas existem muitos que ainda precisam fazer a adaptação. Esse alerta continua importante”, afirma Bicalho. Nomes conhecidos da Internet como Google e Facebook, Uol ou Terra, já tem conteúdo em IPv6. Na administração pública, um cronograma prevê todo o conteúdo de e-gov federal adaptado até 2018.A partir do segundo semestre, as operadoras estarão prontas para oferecer IPv6 nativo aos novos usuários – pelo menos nas principais cidades do país. Os atuais vão gradativamente tendo modems e roteadores trocados por equipamentos configurados para IPv6. Desde janeiro a Anatel só certifica cable modems que tenham IPv6. Em junho, o mesmo acontecerá com os smartphones. A previsão é de que a partir de 2016 também modems ADSL só sejam certificados com IPv6.“À medida que o IPv6 for sendo disponibilizado para o usuário final, os equipamentos que forem colocados na casa deverão ter capacidade de funcionar com IPv6. Mas isso é totalmente gradual, ninguém precisa sair correndo para comprar equipamento IPv6. Já para os provedores de conteúdo, isso torna viável que imediatamente entrem em contato com as operadoras e comecem a contratar conexões com endereçamento IPv6”, completa Bicalho.NAT e investigação policialComo forma de agilizar a transição no sistema de endereçamento da Internet no Brasil, as operadoras foram “incentivadas” a adotar o NAT, acrônimo inglês para ‘tradução de endereços de rede’ – ou, mais recentemente, CGNs, ou carrier-grade NATs, que basicamente são NATs na escala das grandes teles. Em si, são equipamentos de rede que viabilizam o compartilhamento de endereços – uma gambiarra adotada globalmente diante do fim dos endereços IPv4. Mas essa partilha tem implicações, notadamente na identificação de usuários em casos de investigações criminais ou processos judiciais.“No momento que compartilha um endereço IP com várias pessoas e quiser saber quem usou em determinado momento, pode ter como resposta vários usuários. Cria uma dificuldade de identificar de forma inequívoca um determinado usuário”, admite o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Bicalho. “O jeito é, além do IP, colocar também outra informação, que é o número da porta. É como se tivesse um ramal interno”, completa. Segundo ele, isso já foi também tratado com os órgãos de segurança, de forma que mesmo os pedidos judiciais que envolvam identificação de endereço IP já trazem também solicitações de identificação da porta utilizada.

leia

também