Aos provedores Internet, Gustavo Loyola se diz otimista com a economia

15 de setembro de 2016

por Redação Abranet *

Aos provedores Internet, o economista Gustavo Loyola afirmou, durante o “Encontros Seinesp — Ideias & Fatos”, realizada em São Paulo, nesta quarta-feira, 14/09, que não dá para esperar um milagre, mas há motivos suficientes para ficar otimista com a economia brasileira nos meses finais de 2016 e em 2017. Em sua palestra, o ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso disse acreditar que o governo de Michel Temer será capaz de minimamente trazer algumas medidas que colocarão a economia no rumo certo, principalmente, na questão fiscal, além de melhorar o ambiente regulatório. De acordo com ele, isto poderia atrair investimentos para segmentos importantes, principalmente de infraestrutura, melhorando o humor do mercado, das famílias e dos empresários. Loyola fundamenta sua análise no pressuposto de que o relacionamento entre o Executivo e o Congresso deve melhorar, retomando ao padrão típico do “presidencialismo de coalizão” e na hipótese de mudança da visão de mundo da equipe econômica, que agora tem um viés mais pró-mercado, mais liberal. O que não se deve esperar, contudo, são as reformas mais complexas. “É um governo que não foi eleito diretamente pelas urnas. A legitimidade dele é relativamente baixa, tem baixo grau de aprovação da sociedade. Não há uma liderança forte, necessária quando se trata de reformas mais complexas. Mas o mais urgente será feito”, disse Loyola. Loyola disse que, apesar de ainda estar abaixo da média, o índice de confiança do consumidor e do empresário, dá sinais de recuperação e afirmou que a produção industrial começa a melhorar. Ao comentar sobre o PIB, Loyola disse que o cenário tem feito analistas revisem o PIB para melhor, com a retomada moderada do crescimento em 2017 e 2018. Enquanto em 2016 o índice ainda deve ficar negativo em 3,1%, em 2017, a expectativa é que deve crescer 1,5% e a 2,7% em 2018. “A atividade econômica mostra sinais de que batemos no fundo do poço e que agora começamos a iniciar um processo de crescimento. Rever o PIB para cima é coisa que não era feita há algum tempo. Mas isso, é importante ter em mente, não significa que a economia vai decolar numa velocidade supersônica”, ponderou o ex-presidente do BC. Ao contrário de crises anteriores, em que a retomada do crescimento se dava rapidamente, Loyola disse que, desta vez, a recuperação será lenta devido à complexidade do quadro fiscal (mesmo com o corte de gastos, o superávit primário só deve acontecer em 2023), ao cenário internacional, que mostra um crescimento menor, e ao endividamento das famílias e das empresas, o que limita o consumo e o investimento. Sobre o mercado de trabalho, Loyola apontou que a previsão é de que a taxa de desemprego siga crescendo e seja ainda maior em 2017 do que neste ano. Ao mesmo tempo, os salários reais devem continuar em queda no próximo ano, na lógica já corrente da troca de funcionários por outros mais baratos. “O salário de ingresso é menor do que o de desligamento. As empresas giram a mão de obra para reduzir gastos. E isso ainda vai acontecer até meados do ano que vem”, explica o economista. A boa notícia no curto prazo é a queda da inflação. O IPCA de 2015 encerrou os 12 meses do ano com alta acumulada de 10,67%, resultado 4,16 pontos percentuais acima do teto da meta inflacionária fixada pelo Banco Central, de 6,5%. A expectativa, segundo o economista, é que a inflação baixe 7,4% neste ano e caia progressivamente nos próximos anos para a casa dos 5%. Para ele, provavelmente, a partir de 2018 a inflação ficará em torno da meta de 4,5%. Com a inflação sob controle, será possível diminuir a taxa de juros, o que ajuda a retomada do crédito e, consequentemente, a recuperação da economia, disse.Isso tudo, claro, desde que o governo consiga aprovar as medidas de ajuste. Sem estabelecer um teto para os gastos públicos e sem o encaminhamento da reforma da Previdência para aprovação no início de 2017, tudo pode ser posto água abaixo, concluiu Loyola. “Não há dúvida de que estamos melhor agora do que estávamos há seis meses, com expectativa de crescimento moderado já a partir do último trimestre deste ano. Para que isso se mantenha, no entanto, o Congresso precisa pensar mais no país e menos nos interesses corporativos. Mesmo que os ajustes prejudiquem alguns segmentos específicos em curto prazo, é preciso renunciar um pouco a esses privilégios. Fazer um ajuste sem aumento de imposto significa cortar gastos. Não tem outro jeito”, destacou. * As informações são do Seinesp. 

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