Custo até 20 vezes maior é o entrave para enterrar redes

18 de julho de 2018

por Roberta Prescott

Enterrar a rede que hoje é aérea tem sido um dos focos na discussão sobre o desordenamento dos postes, que hoje têm um emaranhado de fios, entre ocupação legal, clandestina e fiação sem uso. O tema foi debatido em workshop realizado na Fiesp. Nessa quarta-feira (18/7), representantes da prefeitura, da Eletropaulo, do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp) e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) se reuniram para tratar de soluções tecnológicas e padronização de procedimentos para a execução de projetos, obras e fiscalização. Também abordaram as necessidades de realização de planejamento integrado e compartilhamento da infraestrutura das redes aéreas e subterrâneas. A Eletropaulo está investindo R$ 21,5 milhões na região da Vila Olímpia e R$ 29,4 milhões no entorno do Mercado Municipal em obras de enterramento da rede elétrica (redes subterrâneas).  Na cidade de São Paulo, a distribuição de energia é feita por 968 quilômetros de rede subterrânea, 22.503 quilômetros de rede aérea e 872 quilômetros de linhas de subtransmissão. A Eletropaulo tem projetos que envolvem o enterramento de redes na cidade de São Paulo e um de remoção de postes em região onde a rede já é enterrada.  Contudo, a remoção dos postes depende da retirada dos ativos de terceiros que usam a infraestrutura, como operadoras de telecomunicações e empresas de internet que passam cabos.   Leia também:Resolução do desordenamento das redes aéreas e terrestres tem de envolver prefeituras Sidney Simonaggio, vice-presidente de relações externas da Eletropaulo, disse, durante sua apresentação no workshop, que a rede subterrânea atende 7% do volume de carga atendida e que os motivadores do enterramento da rede incluem estética, concentração de carga, condições climáticas e salto de qualidade do fornecimento. Contudo, ele ressaltou que não é uma solução adequada para todas as ruas e nem todos os bairros. Uma das principais barreiras é o custo, que fica de dez a 20 vezes maior que o da rede aérea. “Não é para uso genérico; tem de enterrar onde faz sentido”, disse, adicionando que o custo da manutenção é 24% maior que o da rede aérea. Como financiar o enterramento da rede se mostra uma questão delicada. “A forma mais evidente é colocar na tarifa, mas parece não ser a solução”, disse, apontando como algumas alternativas a isenção de impostos dentro do programa de enterramento de rede e a cobrança daqueles que obtiveram ganho patrimonial dos imóveis na região beneficiada. “Tem de ser visto com visão de longo prazo.”   Marcius Vitale, consultor e coordenador do grupo de infraestrutura do SEESP, Presidente da Adinatel e CEO da Vitale Consultoria, alertou para o congestionamento do subsolo. “Não existe compartilhamento, cada ocupante quer ter a sua caixa. Daí, temos filas de caixas. Dutos não compartilhados são enterrados e estão sendo soterrados sem a possibilidade de remanejamento futuro”, ressaltou. Outro problema identificado é como interligar as dezenas de caixas com as edificações.    

leia

também