O “non ducor duco” da IA

26 de maio de 2025

por Redação The Shift

O “non ducor duco” da IA

O que é ser líder na era da IA 

A liderança na era da IA será definida não pela capacidade de comandar máquinas, mas pela habilidade de cultivar ecossistemas humanos e tecnológicos que floresçam juntos. Liderar, portanto, será uma prática contínua de aprendizado, adaptação e regeneração. Ou como diz Jim VandeHei, cofundador e CEO da Axios: “Alguns vão dominar as ferramentas, em vez de serem dominados por elas. Pode ser você”.

Nesse período de transformação que estamos vivendo, líderes terão de conviver com paradoxos: momentos entre o entusiasmo e o medo, a oportunidade e o risco, o pragmatismo e a ética. Ao mesmo tempo em que avançamos pelo “maior, mais rápido e mais consequente movimento tecnológico da história”, existe uma “surpreendente falta de preparo”, diz VandeHei neste artigo.

Essa percepção do despreparo também é compartilhada por Paulo Moraes, cofundador do Talenses Group e diretor-geral da LANDtech, especializada em Executive Search para a área de Tecnologia. “Se eu tenho Inteligência Artificial resolvendo grande parte dos problemas, o que sobra para as pessoas?”, questiona. “Usar essa tecnologia é mudar rápido, inovar rápido, implementar rápido. E você só faz isso com pessoas emocionalmente preparadas, criativas, que trabalhem de forma colaborativa”.

Colaboração envolve escutar as ideias dos outros, estar aberto à cocriação e construir organizações descentralizadas, além de fomentar culturas de aprendizagem contínua e transparência. “Os melhores líderes capacitam equipes, encorajam a cocriação e mudam de uma lógica de competição para coelevação”, escreve Martin Rowinski, CEO da Boardsi, neste artigo publicado na Inc. “É investir em programas de treinamento para capacitar os funcionários, garantindo que se sintam empoderados e não substituídos”.

Orquestração, colaboração e mentoria

Até 2027, 44% das habilidades dos trabalhadores precisarão mudar devido à automação e digitalização, segundo o “Future of Jobs Report 2025”, do Fórum Econômico Mundial (WEF). O relatório cita que os 69 milhões de novos empregos criados serão majoritariamente para funções que exigem habilidades digitais, de análise de dados, inteligência emocional e pensamento crítico. Ainda que o dado não esteja endereçado somente a lideranças, diz muito também sobre a necessidade geral de reciclar conhecimento, aprender novas habilidades e se manter nesse modo contínuo de busca de conhecimento.

Para Karen Sumie Fontana, diretora-executiva da Springpoint, que integra o hub da FutureBrand, a liderança hoje precisa deixar para trás o modelo do “herói” ou “bombeiro” – aquela pessoa que centraliza decisões e resolve tudo – para assumir um papel de facilitador. “Você tem um líder que precisa ser facilitador, que se torna uma pessoa que cria espaços mais seguros, porque senão você não tem como testar, errar, aprender, compartilhar”, diz ela.

Isso significa que as pessoas que ocupam os cargos de liderança precisam aprender a escrever código ou Python da noite para o dia? Claro que não. O que precisam é entender como a IA e outras novas tecnologias podem apoiar a visão estratégica da organização, que tipo de recursos ou soluções podem ser criadas a partir dessas tecnologias, e como integrar tudo isso na empresa. É preciso, portanto, lideranças com conhecimento e prontas a compartilhar informações com suas equipes.

Para Karen, ser líder na era da IA significa atuar como curador de conhecimento, formando suas equipes tecnicamente, eticamente e estrategicamente, mas sempre com base numa alfabetização crítica em dados: “Se você não tiver isso de forma intencional, estruturada, com rituais e revisão de sistemas, você não vai conseguir acelerar essa adoção tecnológica”, alerta.

Da mesma forma, a liderança deve atuar como mentora e orientadora, promovendo ciclos mais curtos de feedback para acompanhar a velocidade das transformações. “Não dá mais para esperar aquele feedback do final do ano, ou mesmo do meio do ano, isso não funciona mais. Feedback é a todo momento, você precisa conversar, calibrar rápido, ter a mesma agilidade das tecnologias que estão surgindo”. 

Saiba mais sobre o que significa ser liderança na era da IA.

 


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