GenAI já não é novidade. A rotina mudou - mas não do mesmo jeito para todo mundo

22 de setembro de 2025

por Redação The Shift

GenAI já não é novidade. A rotina mudou - mas não do mesmo jeito para todo mundo

Dois relatórios recentes – um da Anthropic, outro da OpenAI – oferecem uma fotografia detalhada de como pessoas e empresas estão usando a IA Generativa hoje. Do uso pessoal dos jovens ao foco em automação nas empresas, os dados ajudam a entender o que a IA já significa no dia a dia.

 

O relatório da OpenAI analisou 1,5 milhão de mensagens de 700 milhões de usuários semanais, entre maio de 2024 e junho de 2025. Constatou que 73% dos prompts em junho de 2025 eram de uso não relacionado ao trabalho. Em junho de 2024, havia divisão quase igual entre usos pessoais e profissionais.

 

A faixa etária de 18 a 25 anos predomina entre os usuários do ChatGPT. Responde por quase metade das conversas. E, agora, as mulheres usam o chatbot um pouco mais que os homens. São 52% das pessoas identificadas pelo nome. Logo após o lançamento, cerca de 80% dos usuários tinham nomes tipicamente masculinos.

 

A ajuda na escrita é a segunda maior categoria de uso do ChatGPT, sendo a edição e a crítica de texto as principais tarefas. Busca de informações também é uma das principais categorias de uso. Mas ambas perdem para a categoria de “conselhos práticos” – pedidos de instruções ou sugestões sobre situações do dia a dia.

 

 

Já o relatório da Anthropic, que mediu o uso do Claude.ai e de APIs corporativas em mais de 150 países, releva uma virada considerável no uso corporativo: pela primeira vez, a automação ultrapassou a colaboração como forma principal de uso do Claude. Entre empresas que usam a versão profissional do Claude via API, esse número já chega a 77%.

Em oito meses, a proporção de quem simplesmente pede para a IA “resolver” uma tarefa cresceu de 27% para 39%. Indícios claros de que o Claude está mudando de “copiloto” para “executor”. O que gera ganhos rápidos, mas também exige aumentar o cuidado com governança e em como manter o humano no centro.

 

 

Em resumo, a IA já ocupa papéis distintos segundo o perfil de uso:

  • Consumidores jovens: uso majoritariamente pessoal, aprendizado e criação.
     
  • Usuários gerais: tarefas práticas, escrita e consulta de informação.
     
  • Empresas: foco em automação, ganho de eficiência e escala.
     
  • Brasileiros: jovens e estudantes usam IA para aprender e se entreter, enquanto o uso corporativo segue limitado a empresas com maior maturidade digital. A curiosidade? Recorremos ao Claude para tradução e aprendizado de idiomas cerca de seis vezes mais que a média global.

Os dados mostram que os trabalhadores estão adotando a IA mais rápido do que os avanços tecnológicos anteriores, mas a adoção desigual ameaça ampliar disparidades já existentes.

 

Olhando para o mapa

 

A adoção do ChatGPT em países de renda baixa e média está se expandindo a uma taxa quatro vezes maior que em nações ricas, enquanto o crescimento do Claude permanece centrado em regiões desenvolvidas. O Brasil aparece em 5° lugar em população ativa e terceiro em adoção. Nos dois casos, acima da média global, mas distante dos líderes.

 

O Brasil também confirma a tendência de adoção acelerada, mas desigual dentro do próprio país, com hubs digitais (São Paulo e Rio) mais avançados que regiões periféricas. E segue a lógica global de priorizar automação no uso corporativo. Um grande desafio será expandir esse uso para pequenas e médias empresas (PMEs) e setores fora da economia digital. Políticas públicas e estratégias empresariais que democratizem acesso, infraestrutura e capacitação serão decisivas para que o país transforme adoção acelerada em crescimento inclusivo.

 

relatório da Anthropic revela ainda uma nuance incômoda: em países com menor uso relativo, a IA é aplicada mais intensamente em tarefas de automação de trabalho do que em países ricos. Ou seja, onde há menos acesso, a IA é menos usada para aprendizado e mais aplicada como substituta do trabalho humano. O relatório da OpenAI, por sua vez, evidencia que, para grande parte da população, a IA está mais próxima de um companheiro digital do que de uma ferramenta de produtividade.

 

O risco é claro. Sem políticas de alfabetização digital que transformem curiosidade em produtividade, e sem estratégias inclusivas, a IA Generativa pode acelerar a precarização do trabalho em vez de ampliar oportunidades.

 


Conteúdo originalmente produzido e publicado por The Shift. Reprodução autorizada exclusivamente para a Abranet. A reprodução por terceiros, parcial ou integral, não é permitida sem autorização

leia

também