Ciberataques serão ainda mais agressivos com chegada da computação quântica, adverte presidente do Conselho da Abranet

30 de setembro de 2025

Ciberataques serão ainda mais agressivos com chegada da computação quântica, adverte presidente do Conselho da Abranet

Por Solange Calvo*

 

Em um mundo altamente digital, na esteira de inovações tecnológicas e transformações frenéticas no mercado, garantir segurança de informações estratégicas e sensíveis está cada vez mais assustador. Este foi o alerta de Eduardo Parajo, presidente do Conselho da Abranet, ao participar do painel “Ameaças emergentes e tendências de segurança”, na Futurecom 2025, que acontece em São Paulo.

 

A reflexão unânime foi que investir em tecnologias de defesa contra ciberataques não é mais apenas uma escolha, mas um imperativo para garantir a continuidade dos negócios e preservar a confiança de clientes, parceiros e investidores. Soluções avançadas de monitoramento, inteligência artificial aplicada à segurança e sistemas de resposta automatizada formam hoje a linha de frente contra ameaças cada vez mais sofisticadas. Mas não é o suficiente.

 

Segundo Parajo, é preciso aculturar toda a empresa, colaboradores de todas as esferas da organização, para que compreendam seu papel na proteção da informação e a tática de prevenção tenha sucesso, diante da sofisticação cada vez maior dos cibercriminosos, que também se utilizam das mesmas tecnologias do time de segurança das empresas. “Nessa jornada, o Brasil virou um alvo extremamente atacável, só perdemos para EUA, em especial em infraestruturas de telecomunicações”, relata.

 

O simples e inocente clique em um link desconhecido, em busca de velocidade de ações, pode abrir brechas devastadoras, e apenas a disseminação contínua de boas práticas, aliada a treinamentos eficazes, pode transformar cada profissional em um elo de proteção. A segurança deve ser encarada como parte da cultura organizacional, e não apenas como responsabilidade de um departamento específico.

 

É justo o que defendeu Vanderlei Rigatieri, fundador da WDC Networks, destacando que um simples clique em um link desconhecido pode abrir brechas devastadoras, e apenas a disseminação contínua de boas práticas, aliada a treinamentos eficazes, pode transformar cada profissional em um elo de proteção. A segurança, ele prossegue, deve ser encarada como parte da cultura organizacional, e não apenas como responsabilidade de um departamento específico.

 

Desse encontro, mediado por Diogo Vasconcellos, Líder do Comitê de Startups da ABES, também participaram Carina Hernandes, Security Manager da Logicalis e Líder Woncy; Marcus Vinícius Galletti, Assessor da Superintendência de Fiscalização da Anatel; Paulo Baldin, Ciso na CLA; e Rogger Faioli, CTO e Co-fundador da Gosat.

 

Horizonte temeroso com sofisticação e computação quântica

 

Baldin alertou sobre a facilidade dos cibercriminosos mudarem de estratégia ao longo da jornada de ataque, de acordo com a identificação de mecanismos de proteção adotadas pela empresa que está sendo atacada, até mesmo virando a chave para estratégia de engenharia social, ameaçando familiares de gestores e diretores da empresa. “Por isso a importância dos colaboradores em ampliar o cuidado do que publicam em suas redes sociais”, alertou.

 

O executivo lembrou ainda que atacar digitalmente é tão mais fácil do que assaltar bancos, que representa alto risco, do que investir em ciberataques. “Eles estão tão sofisticados que até mesmo oferecem a modalidade Hacker como Serviço (Hacker as a Service – HaaS).

 

O fato é que, eles reforçaram, simples clique em um link suspeito pode abrir brechas devastadoras, e apenas a disseminação contínua de boas práticas, aliada a treinamentos eficazes, pode transformar cada profissional em um elo de proteção. A segurança deve ser encarada como parte da cultura organizacional, e não apenas como responsabilidade de um departamento específico.

 

Esse cenário, já desafiador, tende a se tornar ainda mais complexo com a chegada da computação quântica, advertiu Parajo. “A promessa de máquinas capazes de processar informações em velocidades inimagináveis traz consigo uma sombra: a possibilidade de quebrar algoritmos de criptografia hoje considerados intransponíveis”, revelou.

 

Em outras palavras, as bases que sustentam a segurança digital poderão ser abaladas, ele acredita, o que torna a preparação ainda mais urgente pela corrida por novas formas de criptografia pós-quântica, capazes de resistir a esse novo poder de processamento.

 

Carina reforçou que o conhecimento dos técnicos é chave nessa jornada ao combate a ciberataques. “Eles devem se atualizar em tecnologias emergentes e especialmente compartilharem conhecimento e trocarem experiências. “É o caminho mais assertivo”, disse.

 

Regulação

 

Galletti, levantou a bandeira da regulação da internet, que ainda é um assunto delicado e em discussão. Mas, ele alenta, que a regulação ao menos deixou de ser um tabu, prova disso é a existência de vários projetos de lei circulando no Congresso.

 

“Temos o regulamento R-Ciber (Regulamento de Segurança Cibernética Aplicada ao Setor de Telecomunicações), instituído em dezembro de 2020, que estabelece obrigações, princípios e diretrizes para garantir a segurança cibernética das redes e serviços de telecomunicações no Brasil”, ressaltou acrescentando que ainda assim é desafiante diante de mais de 23 mil provedores. “Nossa missão é induzir comportamentos desses prestadores de serviço para construir uma estrutura mais segura, com fiscalização.”

 

Vale a lembrança, ele cita, que quando a Anatel foi criada foi dada a ela a responsabilidade de fiscalizar as certificações de cibersegurança nos equipamentos e combater a venda de produtos não homologados, como o “TV BOX”. “Já retiramos do mercado alguns milhões dessas caixinhas.”

 

Preparar-se para esse futuro é não apenas proteger os dados atuais, mas também garantir a sobrevivência das estruturas digitais que sustentam a economia e a sociedade global. “É apenas tratar da ‘Segurança da Informação’ que ganhou o nome gourmet de ‘cibersegurança’. Cuidar do básico já é um grande ganho”, provocou.

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