América Latina lidera digitalização dos pagamentos

27 de outubro de 2025

por Redação Abranet

América Latina lidera digitalização dos pagamentos

A América Latina está à frente da Europa na transformação digital dos meios de pagamento, especialmente, na adoção de tecnologias que permitem realizar cobranças diretamente pelo celular. É o que mostra o novo relatório da Nuek, empresa de tecnologia especializada em infraestrutura de pagamentos da Minsait, braço de tecnologia do Indra Group, desenvolvido em parceria com a AFI (Analistas Financeiros Internacionais).


O estudo, intitulado “Aceitação de pagamentos em comércios”, entrevistou mais de 5.200 consumidores bancarizados em 13 países, incluindo Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru, República Dominicana, Uruguai, Espanha, Itália, Portugal e Reino Unido. Os resultados revelam o avanço do uso da tecnologia SoftPOS, que transforma qualquer smartphone ou tablet em um terminal de pagamento, e o fortalecimento dos modelos de pagamento por assinatura como novas formas de receita para o varejo.


De acordo com o levantamento, 62% dos consumidores bancarizados na América Latina já realizaram pagamentos em estabelecimentos que utilizam soluções móveis, contra 41% na Europa. A diferença reflete o protagonismo da região na busca por ferramentas mais acessíveis e eficientes, sobretudo entre pequenos empreendedores.


De acordo com o diretor-executivo da Nuek, Javier Rey, durante décadas, a aceitação de pagamentos digitais esteve presa a um modelo físico e custoso. Ele explica que a chegada do SoftPOS representa uma mudança de paradigma: o celular passa a ser o próprio terminal, o comércio ganha agilidade e os custos diminuem drasticamente”. “Essa transformação democratiza o acesso à digitalização, permitindo que pequenos negócios se tornem parte da nova economia digital”, ressalta o executivo.


O relatório também destaca o crescimento dos pagamentos por assinatura, impulsionados especialmente pelos consumidores mais jovens. Na América Latina, 58% dos usuários de 18 a 34 anos apontam a rapidez e a conveniência como fatores decisivos para aderir a esse modelo. Já na Europa, a adesão é mais tímida, reflexo de uma população mais envelhecida e da menor oferta de serviços locais baseados em recorrência.


No Brasil, essa tendência ganha força com uma característica própria: o cartão de crédito é o meio de pagamento preferido, especialmente entre consumidores acima de 54 anos. Esse comportamento reforça o papel do país como um dos mercados mais maduros na economia da recorrência, em contraste com a Europa, onde predominam sistemas financeiros mais tradicionais.

 

Javier Rey observa ainda que os jovens estão moldando novas rotinas financeiras e redefinindo a relação com o consumo. A economia da recorrência deixou de ser exclusiva das grandes plataformas globais e começa a transformar também o comércio local. O desafio agora, diz, é oferecer soluções que unam segurança, fluidez e praticidade desde a primeira interação com o consumidor.


Outro ponto de destaque é o baixo desempenho do e-commerce internacional, prejudicado por preocupações com segurança, custos elevados e pouca integração entre meios de pagamento. Embora o comércio eletrônico na América Latina tenha crescido 70% desde 2017, apenas 16% do total corresponde a transações internacionais, mais de 70% dos consumidores latino-americanos afirmam ter enfrentado algum tipo de problema ao comprar em sites estrangeiros, contra 50% dos europeus.

 

A interoperabilidade entre plataformas e a transparência nas taxas de câmbio são essenciais para destravar o potencial do comércio digital global, aponta o diretor-executivo da Nuek.  
 

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